Saúde Urológica
Novembro Azul: 4 fatores de risco para o câncer de próstata
Doença ainda é cercada por tabus, mas acompanhamento periódico e diagnóstico precoce salvam vidas
O câncer de próstata é o tipo mais frequente em homens no Brasil, depois do câncer de pele. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 65.840 novos casos de câncer de próstata são diagnosticados por ano no país, valor correspondente a 62,95 casos novos a cada 100 mil homens. Ainda segundo o INCA, um em cada nove homens receberá o diagnóstico da doença ao longo da vida.
Mais do que outros tipos, esse é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75%¹ dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Apesar dos riscos serem aumentados com o avançar da idade, é essencial que homens a partir dos 40 anos conversem com o urologista e façam exames periódicos para que seja possível uma identificação precoce de qualquer alteração na saúde da próstata.
O urologista Carlos Sacomani alerta para outros fatores de risco para a doença, que devem ser tratados com cautela e acompanhados de perto pelo médico de confiança:
- Idade: No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos;
- Histórico familiar: É preciso estar atento para casos de membros da família que tiveram a doença antes dos 60 anos;
- Sobrepeso e obesidade: Estudos recentes mostram maior risco de câncer de próstata em homens com peso corporal elevado;
- Pele negra: De acordo com estudo realizado nos Estados Unidos, em 2020, e publicado no Jama Network, homens negros têm maior incidência de câncer de próstata. O número de afro-americanos que tiveram progressão da doença foi 11% maior do que o de homens brancos que também lidaram com esse problema, durante um período de sete anos.
Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas e, quando apresenta, os mais comuns são dificuldade de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
Sacomani explica, ainda, que uma vez que haja suspeita da doença por meio do exame de PSA e do toque retal, o paciente deve passar por outros exames que confirmem o diagnóstico, incluindo ressonância magnética e biópsia. "Caso seja confirmado o câncer, a cirurgia robótica é a principal opção de tratamento, sendo feita a retirada da próstata. A recuperação costuma ser rápida e a grande maioria dos pacientes vai viver normalmente, só deixam de ejacular".
O urologista destaca também que, assim como outras cirurgias, existem riscos - mas estes podem ser tratados e controlados. "Mesmo com cirurgia robótica, temos índices que não são desprezíveis, como a disfunção erétil de 20 a 60% dos casos, e a incontinência urinária² em 5 a 10% dos pacientes³, mas tudo depende do histórico e da saúde de cada um". No caso de incontinência, é possível fazer um implante de esfíncter artificial e, para os pacientes com disfunção erétil, há a possibilidade de tratamento medicamentoso ou até a implantação de uma prótese peniana.
Tabu e conscientização
O preconceito, o machismo e o tabu que circundam os cuidados com a saúde do homem são os principais inimigos do diagnóstico precoce e do tratamento do câncer de próstata.
Para Sacomani, esse cenário tem mudado, incentivado principalmente por campanhas como o Novembro Azul. "Há cada vez mais conscientização sobre o autocuidado, os homens estão mais preocupados com a própria saúde e esses medos já não têm a mesma força de antigamente. Dessa forma, a maioria dos casos de câncer de próstata são curados."
Mais do que isso, embora não exista uma forma de prevenir o câncer, práticas saudáveis como ter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos, não fumar, manter o peso corporal adequado e evitar o consumo de bebidas alcoólicas ajudam a diminuir os riscos da doença.
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URO – 1450805 – AA – Saber da Saúde
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¹ ESTIMATIVAS 2020 – Incidência de câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Rio de Janeiro: INCA, 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf. Acesso em: 21 out. 2022.
² Milsom & M. Gyhagen (2019) The prevalence of urinary incontinence, Climacteric, 22:3, 217-222, DOI: 10.1080/13697137.2018.1543263 https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/13697137.2018.1543263#:~:text=Population%2Dbased%20studies%20have%20reported,incontinence%20and%20bladder%20outlet%20obstruction.
³CÂNCER de próstata. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/prostata. Acesso em: 21 out. 2022.