Câncer Biliar

Câncer dos ductos biliares

Colangiocarcinoma: o nome do câncer dos ductos biliares logo assusta. Pouco divulgado, é um tipo raro da doença, mas, quando diagnosticado, pode ser agressivo e fatal. Conheça os sintomas, os fatores de risco e os tratamentos para esse tipo de câncer.

O que é o colangiocarcinoma (câncer biliar)? Quais são suas principais características?

Não é comum conhecer alguém que tenha um câncer dos ductos biliares, também conhecido como colangiocarcinoma. No Brasil, não há números oficiais sobre a doença e estima-se que, nos países ocidentais, sua incidência alcance até dois casos para cada 100 mil habitantes.¹ Globalmente, responde por 10% dos cânceres de fígado primários, enquanto os hepatocarcinomas respondem por 90% dos tumores e os carcinomas hepáticos, de variante fibrolamelar aparecem ainda mais raramente.²

Por sua natureza agressiva, silenciosa e resistente à quimioterapia, 2% de todas as mortes por câncer no mundo estão relacionadas a este tipo de tumor.³

Para entender o colangiocarcinoma, é preciso conhecer a função dos ductos biliares. Esses pequenos canais são responsáveis por transportar a bile (líquido produzido pelo fígado para auxiliar na digestão) dentro do próprio fígado e por levá-la para a vesícula biliar e dali para o intestino delgado.

Os ductos biliares são como uma rede: as finas estruturas tubulares nascem dentro do fígado, se ligam e dão origem a dois canais mais largos, o ducto hepático direito e o esquerdo. Já essas vias juntam-se novamente e formam o ducto hepático comum, que alcança o exterior do fígado. O colangiocarcinoma é caracterizado de acordo com sua localização nesta formação dos ductos.

Intra-hepático: acomete os ductos biliares dentro do fígado e muitas vezes é classificado como um tipo de câncer de fígado;

Perihilar: ocorre nos ductos fora do fígado. O tipo mais recorrente é o tumor de Klatskin, que acomete a região onde os ductos direito e esquerdo se encontram, originando o ducto hepático comum.

Distal: acomete a porção do ducto biliar que fica mais próxima do intestino delgado e também é chamado de colangiocarcinoma extra-hepático.

Quais são os sintomas do câncer dos ductos biliares?

Situado dentro dos ductos biliares, esse tumor obstrui a passagem da bile, provocando um acúmulo de bilirrubina (pigmento da bile) no corpo e, consequentemente, icterícia, a coloração amarelada da pele e das mucosas. Esse sintoma logo chama a atenção dos especialistas, mas não é o único.

Febre, urina com a cor acastanhada (colúria), vômito, perda de peso, fezes esbranquiçadas (acolia fecal), dor abdominal, coceira pelo corpo e perda de peso são sinais que precisam ser investigados. Algumas pessoas ainda têm sensação de cansaço e sentem uma massa desconfortável na região do abdômen.

Os sintomas demoram a aparecer e por isso o prognóstico é ruim: a sobrevida após 5 anos é de 7 a 20% e a recorrência dos tumores é alta.⁴

Quais são os fatores de risco para o colangiocarcinoma?

Alguns fatores de risco contribuem para o surgimento do câncer das vias biliares: doenças que comprometem o bom funcionamento do fígado, como hepatite B e C, cirrose hepática e colangite esclerosante primária (inflamação dos ductos biliares), além de obesidade, síndrome metabólica, tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas e diabetes. Normalmente, o colangiocarcinoma é diagnosticado em pessoas com idade entre 60 e 70 anos. Os mais velhos, no entanto, estão mais sujeitos a desenvolver cânceres do tipo extra-hepático.

Como é feito o diagnóstico do câncer biliar?

Os especialistas começam a pesquisar a existência do câncer dos ductos biliares com exames de imagem, como a ultrassonografia e a tomografia computadorizada. Entretanto, para um diagnóstico preciso, também são indicadas a colangiografia por tomografia computadorizada e a colangiopancreatografia por ressonância magnética, com o objetivo de se visualizar melhor os ductos biliares.

Em alguns casos, os médicos ainda pedem uma colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, na qual são feitas radiografias dos ductos biliares para detectar anomalias. Além de registrar imagens da região, com esse exame também é possível coletar uma amostra do tecido. A análise da biópsia é essencial para confirmar o diagnóstico. Mais recentemente, com o uso do sistema SpyGlass, os endoscopistas passaram a ter visualização direta dos tumores, com melhores possibilidades de análise sobre sua extensão e oportunidade de captura de tecidos para exames histopatológicos.

Quais são os tratamentos disponíveis para o câncer biliar?

O uso de stents é comum nos pacientes diagnosticados com essa enfermidade: os tubos são inseridos nos ductos obstruídos, durante a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica permitindo que a bile volte a fluir. Esse procedimento alivia a coceira no corpo, o desconforto e a dor abdominal, mas não elimina as células cancerígenas.

Dependendo do estágio da doença e das condições físicas do paciente, pode ser feita uma cirurgia para retirada do tumor. A região onde ele está localizado determina como será a ressecção. Normalmente, retira-se parte do fígado e dos órgãos do entorno, como gânglios e o canal biliar extra- hepático. Quando os canais biliares comprometidos estão fora do fígado e se aproximam do pâncreas, é feita uma cirurgia para remoção de parte do pâncreas e do canal biliar extra-hepático (duodeno-pancreatectomia).

A quimioterapia é bastante utilizada no tratamento do colangiocarcinoma: no pós-operatório, para prevenir o surgimento de outras células doentes, ou como tratamento paliativo, nos casos em que há metástases e não é possível fazer qualquer cirurgia.

Vale lembrar: o diagnóstico precoce do câncer dos ductos biliares é fundamental para uma possível cura da doença e os tratamentos paliativos garantem uma sobrevida com mais qualidade aos pacientes.

Recursos
Consulte nossas referências para entender e tratar o câncer dos ductos biliares.

A.C. Camargo Cancer Guia
https://www.accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/vesicula-biliar-e-vias-biliares

Boston Scientific – Câncer das vias biliares
https://www.bostonscientific.com/pt-BR/pacientes/condicoes-clinicas/cancer-das-vias-biliares.html
Manual MSD – famílias e profissionais de saúde
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula- biliar/dist%C3%BArbios-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-ductos-biliares/tumores-dos-ductos-biliares-e- da-ves%C3%ADcula-biliar?query=c%C3%A2ncer%20ductos%20biliares

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e- biliares/dist%C3%BArbios-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-ductos-biliares/tumores-da-ves%C3%ADcula- biliar-e-de-ductos-biliares?query=c%C3%A2ncer%20ductos%20biliares

Oncoguia – Sinais e sintomas do câncer de via biliar
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinais-e-sintomas-do-cancer-de-via-biliar/3535/575/

Instituto Nacional de Câncer – Mortalidade por câncer de fígado e vias biliares no Brasil: tendências e projeções até 2030
https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/435

¹ Vesícula biliar e vias biliares. A. C. Camargo Cancer Center. Disponível em: https://www.accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/vesicula-biliar-e-vias-biliares. Acesso em 15 nov. 2022.

² Instituto Vencer o Câncer - Câncer de Fígado: O que é? Disponível em: https://vencerocancer.org.br/tipos- de-cancer/cancer-de-figado-o-que-e/

³ Nature - Cholangiocarcinoma 2020: the next horizon in mechanisms and management. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41575-020-0310-z . Acesso em 15 nov. 2022

⁴ Nature - Cholangiocarcinoma 2020: the next horizon in mechanisms and management. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41575-020-0310-z . Acesso em 15 nov. 2022 <