Transtornos alimentares e obesidade: entenda essa relação

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Quando o ato de se alimentar provoca angústia, medo de engordar ou leva ao sobrepeso, não é saudável. Pelo contrário, pode indicar um transtorno alimentar que precisa de cuidado e atenção médica

Não há quem não se preocupe com o peso equilibrado e a aparência saudável. Entretanto, quando esse cuidado é exagerado e provoca distorções da autoimagem, pode ser caracterizado como um transtorno alimentar.

Bulimia nervosa, anorexia nervosa e compulsão alimentar são doenças que alertam especialistas no mundo todo, pois impactam a saúde física e mental dos indivíduos. “Os transtornos alimentares tendem a ser condições persistentes, acompanhadas de sequelas físicas e psicossociais, e os quadros mais graves são de difícil recuperação e, algumas vezes, levam ao óbito”, comenta o psiquiatra José Carlos Appolinário, coordenador do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (Gota), que faz parte do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE), do Rio de Janeiro.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 4,7% dos brasileiros sofrem com algum transtorno alimentar e a população jovem é a mais acometida: cerca de 10% dos jovens são diagnosticados com alguma dessas enfermidades1. No mundo, são 70 milhões de pessoas neste grupo2.

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Um desequilíbrio delicado

“Os transtornos alimentares (TAs) são caracterizados pelo comprometimento persistente da alimentação ou do comportamento alimentar que resulta no consumo alterado de alimentos, prejudicando a saúde física e psicossocial do indivíduo. Além dessa mudança, ainda é possível perceber outras manifestações nesses pacientes, como alterações na percepção da imagem corporal e problemas com a autoestima”, explica Appolinário. Os TAs mais conhecidos são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar:

  • Anorexia nervosa (AN): os pacientes com esse distúrbio apresentam baixo peso corporal, restrição alimentar, medo de engordar, supervalorização de seu peso e/ou forma e distúrbio da imagem corporal.
  • Bulimia nervosa (BN): nesse quadro, além do medo de engordar e de uma autopercepção do corpo distorcida, há a presença de episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos por comportamentos compensatórios inadequados para evitar ganho de peso, como vômitos autoinduzidos e jejum, além de uma autoavaliação indevidamente influenciada pela forma do corpo ou pelo peso.
  • Compulsão alimentar (TCA): quem sofre com essa síndrome apresenta episódios de compulsão alimentar, nos quais uma grande quantidade de alimentos é ingerida, mas não há os comportamentos compensatórios inadequados para controle do peso observados na bulimia nervosa. Esses pacientes, que tendem a apresentar obesidade e sobrepeso, após se alimentarem sem controle, costumam se sentir ansiosos, constrangidos e culpados.

Obesidade, o outro prato da balança

Embora seja uma doença crônica, progressiva e tida como epidemia global pela Organização Mundial da Saúde, a obesidade não é considerada um transtorno alimentar, apesar de alguns obesos apresentarem algum tipo de TA associado. Essa enfermidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal provocado pela alta ingestão de calorias (mais do que necessitamos para realizar as tarefas rotineiras, como comer, andar, trabalhar, praticar atividades físicas e até dormir) por meio da alimentação.

Se os pacientes com anorexia e bulimia sofrem com o medo de engordar – e esses distúrbios têm como fatores de risco a predisposição genética para transtornos psiquiátricos e traços de personalidade, como perfeccionismo e introversão, além da influência de fatores sociais como a imposição de determinado padrão de beleza3 – os obesos sofrem com o peso extra, cujas causas são genéticas e ambientais. “A hereditariedade pode influenciar no sobrepeso, mas, hoje em dia, o sedentarismo e a adoção de uma alimentação rica em ultraprocessados, com alto índice de gorduras e açúcares, são causas que têm provocado o aumento de casos de obesidade”, comenta o especialista.

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O tratamento é indispensável

Nem sempre é fácil procurar ajuda quando algum transtorno alimentar ou a obesidade está instalada. Não raro, pacientes e familiares demoram para perceber a gravidade do problema e que precisam de ajuda médica, normalmente de uma equipe multidisciplinar, pois acreditam que podem cuidar dessas enfermidades sozinhos; negam a gravidade da patologia; e têm dificuldade de identificar os sintomas, que podem ser confundidos com os de outros doenças, como anemia, estresse, depressão etc.

Entretanto, segundo Appolinário, os TAs, bem como a obesidade, precisam ser acompanhados de perto por profissionais especializados, com apoio médico, nutricional e psicológico. “São condições que podem comprometer vários aspectos da vida do paciente, provocando ainda outras doenças psiquiátricas, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e de personalidade. Por isso, aos primeiros sinais de que algo não vai bem, vale a pena procurar ajuda”, finaliza.

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Serviço

Se você procura tratamento para a obesidade, transtornos alimentares ou quer mais informações para melhorar seus hábitos de vida, consulte:

Ambulim

Centro de Tratamento de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq - USP)

https://gota.org.br/

(11) 2661-6975

ambulim.ipq@hc.fm.usp.br

GOTA

Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares, parte do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE), do Rio de Janeiro.

https://gota.org.br/

(21) 3938-0500 Ramal 238

https://gota.org.br/#contato

Disque Saúde

Ligue para 136 e peça informações sobre os serviços de apoio aos transtornos alimentares na sua região

Guia Alimentar para a População Brasileira

Clique aqui e acesse o documento com dicas para perder peso de forma mais saudável

Quer saber mais sobre obesidade e emagrecimento saudável? Veja esse artigo: Reganho de peso, é possível evitar

1 SAIBA mais sobre os transtornos alimentares. Associação Brasileira de Psiquiatria. Disponível em: https://www.abp.org.br/post/saiba-mais-sobre-os-transtornos-alimentares Acesso em: 2 out. 2023.

2 MAIS de 70 milhões de pessoas no mundo possuem algum distúrbio alimentar. Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/mais-de- 70-milhoes-de-pessoas-no-mundo-possuem-algum-disturbio- alimentar#:~:text=De%20acordo%20com%20a%20Associa%C3%A7%C3%A3o,bulimia%2C%20compul s%C3%A3o%20alimentar%20e%20outros. Acesso em: 2 out. 2023.

3 MORGANA, Christina M.; VECCHIATTIA, Ilka R.; NEGRÃO, André B. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais. Revista Brasileira de Psiquiatria, n. 24, supl. III, p. 18-23, dez. 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462002000700005. Acesso em: 2 out.2023.

ATENÇÃO: A lei restringe a venda destes dispositivos a médicos ou mediante prescrição médica. As indicações, contraindicações, advertências e instruções de uso podem ser encontradas na etiqueta do produto fornecida com cada dispositivo ou em www.IFUBSCI.com. Os produtos mostrados apenas para fins INFORMATIVOS e a venda pode não ter sido aprovada em alguns países. Este material não se destina ao uso na França. 2024 Copyright © Boston Scientific Corporation ou suas afiliadas. Todos os direitos reservados.

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ENDO - 1726004 – AA – Saber da Saúde

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