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Canetas emagrecedoras: por que elas estão em alta?
Soluções injetáveis indicadas normalmente para controlar o diabetes foram aprovadas para o tratamento da obesidade com sucesso. Com poucos efeitos colaterais, prometem a perda de peso logo no primeiro mês de uso
Não é de hoje que os remédios para emagrecer são bastante procurados e conquistam inúmeros adeptos. Com as canetas emagrecedoras não foi diferente. Elas ganharam as redes sociais em depoimentos de personalidades e ficaram tão populares que os produtos chegaram a faltar nas farmácias.
A popularização, porém, não pode resultar em uso irrestrito. Segundo as Diretrizes Brasileiras da Obesidade (2016), publicadas pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), os medicamentos só devem ser indicados em determinadas situações:
- Se o paciente obeso apresentar complicações associadas, como problemas cardíacos, diabetes e hipertensão.
- O IMC for maior ou igual a 30 kg/m2 ou for maior ou igual a 25 ou 27 kg/m² com a presença de comorbidades.
- O tratamento para perda de peso, sem o uso de medicamentos, não apresentou bons resultados em tentativas anteriores.
“Para escolher a melhor medicação, devemos considerar indicações, contraindicações, comorbidades e a possibilidade de interação medicamentosa”, explica o endocrinologista Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). O médico ainda lembra que os possíveis perfis alimentares, "os chamados fenótipos específicos", apesar de ainda provocarem polêmica entre os especialistas, podem aumentar, em tese, a especificidade do tratamento.
Conheça agora o histórico das canetas emagrecedoras e suas principais indicações.
História das canetas emagrecedoras
Antes da fama, as canetas de semaglutida e liraglutida eram indicadas para o tratamento de diabetes tipo 2. Mas, ao se notar que um dos efeitos da utilização das substâncias é o emagrecimento, estudos científicos1 foram realizados para comprovar a eficácia das drogas no tratamento da obesidade. Em 2021, a Food and Drug Administration (FDA), a agência regulatória americana, aprovou o uso de 2,4 mg de semaglutida injetável uma vez por semana para controle do peso em pacientes com alguma enfermidade associada, como colesterol alto ou hipertensão2. No ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia aprovado a indicação da liraglutida3 para tratar a obesidade e, neste ano, foi a vez de liberar o uso da semaglutida4.
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Como é a ação das canetas emagrecedoras?
“A liraglutida e a semaglutida são agonistas do GLP-1, ou seja, são substâncias semelhantes ao hormônio gastrointestinal e apresentam múltiplas ações, entre elas, atuar na região do cérebro chamada hipotálamo, diminuindo a fome e aumentando a sensação de saciedade”, explica o endocrinologista Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Além dessas ações, a semaglutida ainda proporciona um retardamento do esvaziamento gástrico, promovendo a redução de apetite e, consequentemente, a perda de peso5.
“Por serem eficazes e relativamente seguros, com poucas contraindicações e baixo risco de efeitos colaterais graves, esses medicamentos injetáveis têm sido muito utilizados”, comenta Moura.
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Sob orientação médica
Apesar da popularidade e dos bons resultados que prometem, as canetas emagrecedoras não devem ser usadas sem prescrição médica e precisam seguir as indicações que citamos acima. Também é bom lembrar que, como outras drogas, podem surgir efeitos colaterais desconfortáveis, como diarreia, constipação, cólicas e náuseas.
“Elas também são contraindicadas para pacientes com histórico de câncer medular de tireoide, neoplasia endócrina múltipla, gastroparesia e pancreatite. Lembrando que nenhuma droga para perda de peso deve ser usada na gravidez”, alerta o endocrinologista da SBEM.
Outro ponto importante é a dosagem: nas redes sociais, usuários das soluções injetáveis contam que chegam a aplicar microdoses duas a três vezes por semana, alguns até diariamente. “Apenas um especialista é capaz de indicar a posologia adequada para cada paciente, a dose que ele deverá tomar e por quanto tempo”, diz Deborah Beranger, endocrinologista pós-graduada em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. “O tratamento da obesidade deve ser globalizado e envolver, além das soluções injetáveis (quando elas forem indicadas), mudança no estilo de vida, adoção de uma dieta saudável e a prática de exercícios físicos.”
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A retatrudida é outra substância com ação parecida com a da semaglutida e a da liraglutida que também promete ser um recurso eficiente no tratamento da obesidade. “Ela é um agonista múltiplo de hormônios gastrointestinais e atua no GLP-1, no GIP e no glucagon. As pesquisas estão na fase 2 e os resultados iniciais foram extraordinários”, finaliza Moura.
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