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Endoscopia terapêutica: conheça os tratamentos possíveis
Você sabia que esse procedimento pode salvar vidas? São várias as formas de usar a endoscopia para evitar uma intervenção cirúrgica. Saiba mais agora
A concepção do endoscópio revolucionou a medicina no começo do século XX. Por meio deste aparelho flexível e equipado com uma câmera de vídeo na ponta, foi possível visualizar pela primeira vez o interior de um órgão ou uma cavidade corporal e, a partir disso, realizar diagnósticos mais precisos com o auxílio de imagens.
Porém, além de sua utilidade para os exames de diagnóstico por imagem, mais recentemente, ficou clara também sua aplicação para os tratamentos. A chamada endoscopia terapêutica permite postergar ou até mesmo evitar uma intervenção cirúrgica, utilizando o endoscópio para tratar condições específicas no trato digestivo alto, intestino delgado, cólons e sistema biliopancreático.
Um pouco sobre a Endoscopia terapêutica
“Nas últimas décadas, a endoscopia digestiva progrediu exponencialmente com a evolução dos equipamentos e acessórios endoscópicos, permitindo uma gama extensa de procedimentos terapêuticos”, sinaliza Ana Maria Zuccaro, chefe do Serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Federal de Ipanema (MS) e presidente da Comissão de Ética e Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED).
A especialista elenca os casos em que a técnica pode até mesmo salvar vidas: “como em casos de sangramento ativo do trato gastrointestinal, na detecção e ressecção das neoplasias pré-malignas e malignas precoces, evitando, dessa forma, o adoecimento e a morte por câncer colorretal.”
Além disso, a endoscopia terapêutica é importante para a drenagem de colangites [infecções nas vias biliares], evitando uma cirurgia extensa e reduzindo a necessidade de transfusões de sangue ou de uma internação prolongada do paciente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Conheça os tratamentos que podem ser feitos por via endoscópica
Os tratamentos por via endoscópica são eficazes, minimamente invasivos, sem cortes e promovem uma recuperação mais rápida e confortável para o paciente. Veja algumas aplicações:
Interrupção de sangramentos
“É possível realizar a interrupção ou o bloqueio de hemorragias a partir de diversas técnicas, como a colocação de hemoclipes, a coagulação com plasma de argônio, a injeção de agentes esclerosantes e a ligadura elástica de varizes”, lista Adriana Safatle-Ribeiro, coordenadora do Serviço de Colonoscopia e Enteroscopia da Disciplina de Coloproctologia do Hospital das Clínicas da USP, médica assistente do Serviço de Endoscopia Intervencionista do Instituto do Câncer da Faculdade de Medicina da USP e médica assistente do Serviço de Endoscopia do Hospital Sírio-Libanês (SP).
Polipectomias
Nome dado para a remoção de pólipos que podem acontecer em todas as partes do trato gastrointestinal. “Por exemplo, no intestino delgado de pacientes com síndrome de Peutz-Jeghers (doença que gera pólipos no estômago, intestino delgado e colo), a endoscopia, através de polipectomias, pode evitar a síndrome de intestino curto decorrente de várias intervenções cirúrgicas”, descreve Adriana.
Dilatações e passagem de próteses
“Nesse caso, podem ser paliativas e em casos de estenoses [estreitamentos] benignas”, diz Adriana.
Fixação de sonda alimentar
O procedimento recebe o nome de gastrostomia e jejunostomia, a depender da localização (estômago ou parte central do intestino delgado), e garante o acesso para nutrição enteral à pacientes impossibilitados de ingerir alimentos por via oral.
Fechamento de fístulas
Mais recentemente, com a introdução da terapia endoscópica a vácuo, muitos pacientes com fístulas têm sido beneficiados com o procedimento, que garante um resultado rápido e menos invasivo”, explica Adriana.
Ressecamento de lesões precursoras do câncer colorretal
Durante os exames de colonoscopia é possível operar adenomas (pequeno agrupamento de células que se forma no cólon ou no reto) ou mesmo lesões malignas precoces, diminuindo assim a chance de um câncer avançado se desenvolver.
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Retirar corpos estranhos ingeridos acidentalmente
A técnica é usada principalmente em crianças, que costumam aspirar pequenos objetos, e evita a realização de cirurgias exploratórias.
Adriana deixa claro que ainda há muito por vir na endoscopia terapêutica. “O conhecimento cada vez maior das causas e evolução das afecções do aparelho digestivo; o aprimoramento dos equipamentos endoscópicos, cada vez mais finos e maleáveis; o uso da inteligência artificial para melhor precisão diagnóstica, e o uso da robótica serão responsáveis pelo rápido progresso da cirurgia endoscópica em pouco tempo”, afirma.
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