
Sistema Nervoso
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A doença não afeta apenas idosos e nem sempre o paciente terá tremores. E quanto mais gente souber disso, mais rápido será o acesso ao tratamento
É comum que o Parkinson seja imediatamente associado aos tremores que caracterizam o estado mais avançado da doença. Além disso, muitos acreditam que se trata de uma condição típica de pessoas mais velhas, sendo impossível de acontecer nos mais jovens. No entanto, essas duas afirmações não passam de mitos que ainda são comumente espalhados por aí, impactando até mesmo o acesso de pacientes ao tratamento adequado.
Com a ajuda de Eduardo Alho, neurocirurgião da Clínica de Dor e Funcional (SP) com pós-doutorado no Departamento de Neurologia da Universidade de São Paulo, vamos elucidar esses e outros mitos sobre a doença.
Parkinson é uma doença debilitante e terminal Para o neurocirurgião, esse talvez seja o principal mito que ele ouve no consultório. “Mas a verdade é que existe um espectro amplo da doença e muitas possibilidades de tratamento, desde medicamentos, reabilitação física, até o tratamento cirúrgico”, assegura. Porém, “o Parkinson é uma doença degenerativa e que pode, sim, limitar os pacientes do ponto de vista físico. Porém, se for diagnosticado e tratado corretamente, essas limitações podem ser contornadas e permanecerão imperceptíveis em uma parcela grande dos pacientes.”
A doença só afeta os movimentos. Até mesmo médicos não especialistas podem pensar que isso seja verdade. Mas não é assim que acontece. A doença de Parkinson tem sintomas além dos motores e que podem afetar mais a vida cotidiana do que as dificuldades de movimento. E isso inclui olfato prejudicado, distúrbios do sono, déficit cognitivo, prisão de ventre, ansiedade e depressão, fadiga, dor (principalmente em um membro), formigamento e outros1.
O tratamento não funciona bem. É verdade que, infelizmente, há pacientes que não evoluem bem, a despeito dos tratamentos medicamentosos, exercícios, reabilitação e cirurgias. “Esta realidade, porém, não acontece para a maioria dos pacientes. Do total de pessoas com Parkinson, apenas uma minoria terá critérios para cirurgia, sendo que desses, a maioria tem um bom controle dos sintomas, com qualidade de vida”, observa o médico. No entanto, segundo ele, é importante ter em mente que qualquer um dos tratamentos não reverte as causas da doença (que é progressiva e degenerativa), mas busca retardar e aliviar os sintomas. Por isso, é importante continuar realizando atividades físicas para ajudar a manter as funções motoras e cognitivas desses pacientes.
ATENÇÃO: A lei restringe a venda destes dispositivos a médicos ou mediante prescrição médica. As indicações, contraindicações, advertências e instruções de uso podem ser encontradas na etiqueta do produto fornecida com cada dispositivo ou em www.IFUBSCI.com. Os produtos mostrados apenas para fins INFORMATIVOS e a venda pode não ter sido aprovada em alguns países. Este material não se destina ao uso na França. 2023 Copyright © Boston Scientific Corporation ou suas afiliadas. Todos os direitos reservados.
ATENÇÃO II: Este material é apenas para fins informativos e não para diagnóstico médico. Esta informação não constitui aconselhamento médico ou jurídico, e a Boston Scientific não faz nenhuma representação em relação aos benefícios médicos incluídos nesta informação. A Boston Scientific recomenda fortemente que você consulte seu médico em todos os assuntos relativos à sua saúde NM - 1756909– AA – Saber da Saúde
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Histórias
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Nem só de tremores se faz um diagnóstico preciso da doença. Outros sinais podem ser até mais importantes. Saiba identificá-los e converse com seu médico
Certas doenças são comumente associadas com alguns de seus sintomas mais característicos. É o caso do Parkinson e seus tremores, que tornam evidente a presença da patologia em algumas pessoas. No entanto, embora esse sinal seja claro, ele não é o único que deve ser considerado para a realização do diagnóstico da doença; outros sintomas, ainda pouco relacionados com a condição, podem ser indicativos de Parkinson e precisam ser mais conhecidos por todos.
“Existem muitos sinais prévios da doença de Parkinson, sendo que um dos primeiros é a perda do olfato”, constata Eduardo Alho, neurocirurgião da Clínica de Dor e Funcional (SP) com pós- doutorado no Departamento de Neurologia da Universidade de São Paulo, cuja principal linha de pesquisa envolve o mapeamento cerebral tridimensional para planejamento e análise pós-operatória de cirurgias estereotáxicas do encéfalo, como estimulação cerebral profunda.
O neurocirurgião deixa claro que, como muitos desses sintomas são inespecíficos e podem ocorrer tanto isoladamente como em conjunto com outras doenças, ainda não existem exames complementares capazes de ajudar a concluir o diagnóstico de Parkinson nesta fase inicial. “É muito difícil, até mesmo para os médicos especialistas, levantar essa hipótese diagnóstica sem os sintomas motores da doença [a saber, são eles: tremor, rigidez e bradicinesia, ou diminuição da mobilidade]. Por isso, sempre que uma pessoa perceber sintomas persistentes e novos, deve consultar um médico especialista para avaliar se há alguma suspeita diagnóstica e acompanhar de perto a evolução desses sintomas”, recomenda Alho.
Durante a última década, a visão do Parkinson como um distúrbio de movimento puro tem mudado significativamente. Tanto que, atualmente, a doença é reconhecida como um processo multissistêmico e com diversos sinais não motores (SNM)1,2. Entre os mais comuns estão:
● Distúrbios do sono
● Distúrbios olfativos
● Constipação
● Psicose e déficits cognitivos
● Depressão
● Disautonomia [doença que afeta o sistema nervoso autônomo e cujo sintoma é a sensação de desfalecimento ao levantar-se da cama]
“Mesmo estando atento a esses sinais, é importante esclarecer que o diagnóstico precoce da doença de Parkinson só é possível em determinadas condições, como quando a doença tem caráter genético”, enfatiza Alho. O especialista explica que, nesses casos, a doença costuma ter início em pacientes mais jovens e tem uma evolução rápida, podendo ser confirmado com um exame genético. “Fora esta situação específica, existem diagnósticos diferenciais que só vão ser demonstrados com o tempo.”
Por isso, no caso do aparecimento desses sintomas, o mais indicado é buscar ajuda médica especializada para acompanhar de perto sua evolução. “A partir do momento em que os sintomas aparecerem, deverão ser monitorados, mas o diagnóstico definitivo da doença de Parkinson será sempre um conjunto de sinais, sintomas, exames físicos, achados de neuroimagem, resposta terapêutica ao medicamento prolopa e quadro evolutivo”, finaliza.
ATENÇÃO: A lei restringe a venda destes dispositivos a médicos ou mediante prescrição médica. As indicações, contraindicações, advertências e instruções de uso podem ser encontradas na etiqueta do produto fornecida com cada dispositivo ou em www.IFUBSCI.com. Os produtos mostrados apenas para fins INFORMATIVOS e a venda pode não ter sido aprovada em alguns países. Este material não se destina ao uso na França. 2023 Copyright © Boston Scientific Corporation ou suas afiliadas. Todos os direitos reservados.
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A doença não afeta apenas idosos e nem sempre o paciente terá tremores. E quanto mais gente souber disso, mais rápido será o acesso ao tratamento
É comum que o Parkinson seja imediatamente associado aos tremores que caracterizam o estado mais avançado da doença. Além disso, muitos acreditam que se trata de uma condição típica de pessoas mais velhas, sendo impossível de acontecer nos mais jovens. No entanto, essas duas afirmações não passam de mitos que ainda são comumente espalhados por aí, impactando até mesmo o acesso de pacientes ao tratamento adequado.
Com a ajuda de Eduardo Alho, neurocirurgião da Clínica de Dor e Funcional (SP) com pós-doutorado no Departamento de Neurologia da Universidade de São Paulo, vamos elucidar esses e outros mitos sobre a doença.
Parkinson é uma doença debilitante e terminal Para o neurocirurgião, esse talvez seja o principal mito que ele ouve no consultório. “Mas a verdade é que existe um espectro amplo da doença e muitas possibilidades de tratamento, desde medicamentos, reabilitação física, até o tratamento cirúrgico”, assegura. Porém, “o Parkinson é uma doença degenerativa e que pode, sim, limitar os pacientes do ponto de vista físico. Porém, se for diagnosticado e tratado corretamente, essas limitações podem ser contornadas e permanecerão imperceptíveis em uma parcela grande dos pacientes.”
A doença só afeta os movimentos. Até mesmo médicos não especialistas podem pensar que isso seja verdade. Mas não é assim que acontece. A doença de Parkinson tem sintomas além dos motores e que podem afetar mais a vida cotidiana do que as dificuldades de movimento. E isso inclui olfato prejudicado, distúrbios do sono, déficit cognitivo, prisão de ventre, ansiedade e depressão, fadiga, dor (principalmente em um membro), formigamento e outros1.
O tratamento não funciona bem. É verdade que, infelizmente, há pacientes que não evoluem bem, a despeito dos tratamentos medicamentosos, exercícios, reabilitação e cirurgias. “Esta realidade, porém, não acontece para a maioria dos pacientes. Do total de pessoas com Parkinson, apenas uma minoria terá critérios para cirurgia, sendo que desses, a maioria tem um bom controle dos sintomas, com qualidade de vida”, observa o médico. No entanto, segundo ele, é importante ter em mente que qualquer um dos tratamentos não reverte as causas da doença (que é progressiva e degenerativa), mas busca retardar e aliviar os sintomas. Por isso, é importante continuar realizando atividades físicas para ajudar a manter as funções motoras e cognitivas desses pacientes.
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Sistema Nervoso
As feridas costumam atingir regiões próximas aos nervos, causando uma dor intensa e que não para. O tratamento adequado pode trazer alívio
Quem tem mais de 30 anos de idade deve se lembrar da época em que ‘pegou’ catapora na infância. Ter a doença era algo tão comum antes de a vacina da varicela fazer parte do Programa Nacional de Imunizações que, estima-se, 90% da população brasileira acima dos 40 anos teve contato direto com o vírus Varicela- Zoster (VVZ), segundo conta Pedro Henrique Cunha, neurocirurgião funcional e médico da dor formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
E trata-se de uma estimativa porque ainda não há dados consistentes sobre a varicela no Brasil, já que apenas os casos mais graves, com óbitos, são notificados de forma compulsória, conforme informa o Ministério da Saúde1 ao projetar cerca de 3 milhões de novos casos ao ano.
No entanto, passada a infecção aguda por catapora, o vírus VVZ permanece no organismo e pode ser reativado a qualquer momento, geralmente, quando há uma alteração na imunidade da pessoa ou ela vivencia um estresse intenso. “Nesses casos, ele se aloja em um nervo, e vai seguir em um dermátomo (área da pele em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa) que pode ser dorsal ou abdominal, por exemplo, causando uma nova doença: a herpes zóster”, resume Cunha.
Não confunda: herpes simplex e herpes zóster são doenças diferentes provocadas por vírus diferentes. A primeira é causada pelo Herpes simplex vírus (HSV) e atinge a boca ou genital. “Já a herpes zóster é resultado da reativação do vírus Varicela- Zoster (VVZ) e, na sua fase aguda, causa feridas na pele, como pequenas vesículas e crostas, que provocam uma dor intensa que só melhora quando ocorre a cicatrização”, descreve o médico da dor.
No entanto, uma parcela desses pacientes terá uma piora no quadro e voltará a sentir a mesma dor local cerca de três meses após a resolução das feridas da herpes zóster, em uma condição chamada neuralgia pós-herpética. Conheça os principais sintomas2 :
- Dores no nervo que duram um ano ou mais
- Sensação de pontadas ou agulhadas na pele
- Sensação de choque ou queimação no local onde antes estavam as feridas
“A neuralgia pós-herpética costuma ser de difícil diagnóstico, porque nem o paciente nem os primeiros especialistas a serem consultados associam as dores ao quadro de herpes zóster que tinha sido curado. O médico especialista em dor é quem costuma realizar o diagnóstico e sugerir o tratamento adequado, que visa trazer alívio para as dores e pode ser prolongado”, relata Cunha.
- Ter mais de 65 anos
- Ter sentido uma dor intensa na fase aguda do herpes zóster
- Ter tido herpes zóster no rosto
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A dedicação de familiares e amigos no cuidado aos pacientes com dores crônicas pode colocar sua própria saúde em risco. Saiba como manejar a situação
Uma pessoa com dor crônica vivencia uma série de sentimentos conflitantes e que alteram o seu humor ao longo do dia: ora estará estressada e abalada, ora triste e desenganada, acreditando que o incômodo que sente nunca mais vai embora. Por isso, quem vai cuidar desse paciente precisa ser condescendente e ter muita compaixão para entender sempre que está lidando com uma pessoa em constante sofrimento.
Só que para o cuidador, especialmente o familiar designado para lidar com as tarefas principais daquela pessoa, o fato de saber disso não significa que seu cotidiano será mais tranquilo ou mais fácil. Ao contrário, muitas vezes a relação de proximidade entre paciente e cuidador pode resultar em brigas, desentendimentos e até, em casos extremos, violência. É por isso que todo cuidador precisa, antes de cuidar do outro, aprender a cuidar melhor de si mesmo.
Rosamaria Rodrigues Garcia, fisioterapeuta e professora da Pós-graduação em Gerontologia do Centro Universitário São Camilo, lembra que é sempre importante que o cuidador divida as tarefas com outra pessoa do círculo mais próximo do paciente para que ele possa, mesmo que por poucas horas, realizar algumas atividades para o autocuidado, como ir ao médico, ir à igreja, visitar um amigo, ou apenas descansar e relaxar.
“O cuidador familiar deve se permitir dividir o cuidado e confiar aos outros certas tarefas, porque ele também precisa de um tempo afastado do paciente para estar bem física e mentalmente. E só assim ele vai poder cuidar bem do doente”, lembra Rosamaria.
No núcleo familiar, é comum que todas as atenções se voltem ao paciente e que o cuidador acabe ficando esquecido ou relegado. Mas, em alguns momentos, é importante que ele seja reconhecido e elogiado pela família para que possa manter a sua própria saúde mental. “Eu sugiro sempre que ocorram reuniões familiares - até mesmo com a presença do paciente - para que essas questões venham à tona e o cuidador possa ser ouvido em suas necessidades e até para que as tarefas domésticas possam ser divididas entre os demais membros da família”, reforça a professora.
Especialmente no Brasil, os cuidadores familiares não escolhem tal tarefa, mas acabam recebendo essa incumbência de outros membros da família, continua Rosamaria. “Pode ser a esposa, uma filha solteira ou, normalmente, uma pessoa que mora junto com o doente, que será um cuidador sem querer. Só que é importante frisar que essa pessoa precisa de ajuda de todo tipo para exercer a tarefa, seja instrumental - com o pagamento de remédios e consultas, por exemplo - seja com tempo dedicado ao paciente.”
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Histórias
Aos 42 anos, Daltro Santos começou a sentir os primeiros sintomas do tremor essencial, mas a cirurgia que retomou sua qualidade de vida só aconteceu mais de 15 anos depois.
Há 18 anos, Daltro Santos, então com 42 anos, levava uma vida tranquila e modesta à frente de seu comércio em São Francisco de Assis, no interior do Rio Grande do Sul. Foi quando, sem grandes explicações, começou a sentir os primeiros tremores e dificuldades na coordenação motora.
Ao buscar médicos e fazer exames em busca de respostas, só conseguia ter ainda mais dúvidas sobre a própria saúde, já que, apesar das idas e vindas, nenhum profissional conseguia fechar um diagnóstico.
Foram mais de 15 anos de tremores que afetaram também a sua voz, além das dores e câimbras, até que os remédios prescritos para amenizar os sintomas, já não agiam como antes. “Não sei porque isso aconteceu, eu não tinha nenhum histórico familiar da doença, mas sentia dores horríveis, não gosto nem de lembrar. Tive até que abandonar o meu próprio negócio, que seguiu somente com a minha esposa.”
Há cerca de dois anos, Daltro passou por um neurologista na região de Santa Maria, também no Rio Grande do Sul, que identificou o problema, diagnosticou o tremor essencial e o alertou sobre a necessidade de cirurgia, dado o avançado estágio da doença.
Foi há pouco mais de um ano, quando o comerciante já estava com 59 anos, que a cirurgia para implante de eletrodos para a Estimulação Cerebral Profunda (DBS) foi realizada.
De lá para cá, segundo Santos, tudo mudou drasticamente. “Ainda tomo remédios, mas somente um quarto do que tomava antes. Na maioria dos dias estou bem e já não tremo. Hoje em dia, vou ao consultório uma a duas vezes por ano para fazer acompanhamento.”
Embora tenha melhorado, os 15 anos sem diagnóstico geraram sequelas. “O médico indicou que eu deveria fazer caminhadas e exercícios físicos, mas o meu equilíbrio não é mais o mesmo. Depois de anos lidando com uma doença como essa, ninguém fica 100%, mas estou muito melhor e minha vida é praticamente normal”, conclui.
Histórias
Com a doença há 10 anos, Henrique Alexandre encontrou no trabalho voluntário um novo propósito de vida depois do diagnóstico
Por muito tempo, a Doença de Parkinson esteve diretamente associada à terceira idade, já que a maioria dos casos surge após os 60 anos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial com mais de 65 anos é portadora da doença, indicando que mais de 4 milhões de pessoas vivem com o Parkinson no mundo.
Em cerca de 10% dos pacientes, o chamado Parkinson de início precoce se manifesta em pessoas com menos de 50 anos. E foi nesse espectro de baixas probabilidades que o economista Henrique Alexandre foi diagnosticado aos 49 anos.
Trabalhando como bancário, Alexandre começou a perceber um tremor insistente na mão direita. À época, procurou ajuda médica e teve um diagnóstico equivocado de tremor essencial. Logo, os novos sintomas que se manifestavam deram direção para que o Parkinson fosse identificado.
O tratamento medicamentoso foi iniciado, mas a doença veio de forma bastante severa. Alexandre perdeu completamente os movimentos e quase não conseguia desempenhar suas atividades e funções diárias. O médico que então o acompanhava recomendou o tratamento com o neurocirurgião funcional Dr. Erich Fonoff, especializado em Parkinson.
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Por se tratar de uma doença progressiva do sistema neurológico, o Parkinson afeta principalmente o cérebro. Com a evolução do quadro, alterações cognitivas e comportamentais tendem a impactar seriamente o dia a dia dos pacientes.
A cirurgia, que consiste no implante de eletrodos em pontos específicos do cérebro, conectados a um neuroestimulador, foi indicada para o tratamento de Alexandre, que já não respondia tão bem às medicações.
“Depois da cirurgia e de começar a utilizar o equipamento, continuo tomando a medicação normalmente, mas não foi fácil. Quando operei, o equipamento era o primeiro da América Latina. Tinha o pioneirismo do neuroestimulador e o meu: foi minha primeira cirurgia e logo na cabeça. Hoje, tenho a doença controlada, aprendi a lidar com o tempo, coisa que eu não tinha no banco. Fui aposentado por invalidez e descobri que ter tempo em excesso também não é tão bom assim, porque o homem nasceu para ser produtivo”, explica.
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Com o tempo livre após a aposentadoria, estudou a possibilidade de iniciar um trabalho voluntário. Hoje, Alexandre ajuda a cuidar de crianças de 0 a 18 anos com má formação óssea e pessoas que sofreram queimaduras.
“A doença nunca é uma coisa boa, mas esse tratamento é. Por isso, decidi me dedicar ao próximo. Foi uma forma de devolver o que ganhei. Eu precisei ter o corpo doente para ter a alma curada. Se eu não fosse parkinsoniano, hoje, talvez minha vida estaria em outro rumo. Se eu estivesse saudável, estaria doente”.
Hoje, Alexandre vive com total autonomia e disposição. Além do trabalho voluntário, precisa manter sua rotina de boa alimentação, exercícios físicos e administração correta dos medicamentos.
"Ressignifiquei a minha vida, tive uma mudança completa de rumo. Fiquei assustado no primeiro momento, a doença mudou até o meu padrão financeiro. Foi como ter que aprender a encaixar o quadrado em um círculo. Não foi fácil e não está sendo fácil, mas o trabalho voluntário tem um salário intangível: a felicidade do outro, o que você propicia a um paciente. Costumo dizer que sou viciado na ocitocina propiciada por fazer o bem a outras pessoas”, conclui.
Quer saber mais sobre a doença de Parkinson e tratamentos? Acesse nossa página Viver com Parkinson.
Histórias
Diagnosticada há 11 anos com a doença, Nilde Soares quer ressignificar sua dor física e levar conhecimento para pacientes e profissionais de saúde
O corpo acaba encontrando um jeito de mandar seus sinais quando algo não vai bem, mas nem sempre somos capazes de entendê-los. Até os 36 anos, quando era socialmente considerada uma pessoa “normal”, Nilde Soares trabalhava no departamento comercial de uma empresa, era extremamente ativa, mas ignorava sintomas dispersos, como a sudorese constante, a hiperventilação e os tiques.
Prestes a fazer 40 anos, durante uma reunião de trabalho, um cliente perguntou se Nilde estava se sentindo bem, já que esses sinais estavam acentuados e visíveis. A percepção externa coincidiu com o aparecimento dos sintomas mais severos da Distonia, como a dor intensa. Pouco tempo depois, a vendedora precisou ser internada por uma semana enquanto tomava medicamentos controlados para as dores.
Ainda que a distonia seja um dos distúrbios mais comuns do movimento e afete mais de 65 mil pessoas somente no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, 11 anos atrás a doença ainda era desconhecida por Nilde. Caracterizada por contrações musculares prolongadas e involuntárias, que causam torção, e movimentos repetitivos ou posturas anormais, a distonia acaba facilmente percebida como uma reação ao estresse ou outra questão de saúde mental.
No caso de Nilde, a falta de informações fez com que a primeira providência tomada após a internação fosse a busca por psicólogos e psiquiatras. “Dos primeiros sintomas percebidos até o diagnóstico foram quatro anos. Depois, comecei a tomar muitos remédios errados e muitos ansiolíticos. Tenho certeza que isso agravou o meu quadro e piorou meus movimentos”.
Quando as dores se agravaram ainda mais, menos de dois meses após sua internação, e ela passou a não ter forças nem para engolir os alimentos, buscou um neurologista que pudesse definir o diagnóstico e finalmente tratar o seu caso.
“Passei por sete neurologistas, porque a clínica médica não identificava isso. Até que fui diagnosticada com distonia cervical idiopática (de causa desconhecida). Naquele momento, só foquei em três palavras ditas pelo médico: “não tem cura”. Você fica feliz por finalmente ter um diagnóstico e entender o que realmente tem, mas depois entra em completo desespero”, conta.
Tratamento e qualidade de vida
Apesar de não ter cura, se a distonia for tratada adequadamente, o paciente poderá manter uma boa qualidade de vida. Além de tomar remédios, os distônicos precisam fazer aplicações periódicas de toxina botulínica para controlar os movimentos involuntários. Também é fundamental que construam uma rotina de exercícios físicos regulares.
“Hoje, tomo cinco comprimidos ao dia, mas em algumas épocas cheguei a tomar 12, e foi a atividade física que mudou isso. Agora faço pilates duas vezes na semana, funcional na piscina outras duas vezes e estou nas aulas de dança uma vez por semana. Tenho autonomia para fazer tudo normalmente, mas quando estou sem a toxina botulínica, acabo precisando de outros recursos, como o uso de bengala”.
Cirurgia: a vontade de viver com foco em uma missão
Conviver com a dor e o estigma da distonia acaba levando muitos pacientes a crises de depressão e ansiedade. “É uma dor que não tem como explicar. Ao longo desses anos, vi muitos casos de suicídio de amigos distônicos. Eu também já pensei em acabar com a minha própria vida, mas isso mudou. Agora, eu tenho uma missão: levar informações sobre a distonia para outras pessoas, especialmente profissionais de saúde. O conhecimento salva vidas”.
Pensando nesse propósito, Nilde criou o site Distonia Saúde há dois anos. Por meio dele, conseguiu feitos como colocar o Dia da Distonia no calendário nacional, e criar o Instituto Distonia Saúde, um espaço para conversar e tirar dúvidas sobre a doença. “Esse projeto é o meu coração fora do peito. A minha missão é ser referência em informação, cuidado e acolhimento, porque os diagnosticados sofrem preconceito até dentro de casa”.
Para manter-se ativa e cumprir sua missão, recentemente se submeteu à cirurgia para a implantação de eletrodos no cérebro, procedimento conhecido como Estimulação Cerebral Profunda. A medida foi necessária porque, mesmo acompanhada por uma equipe multidisciplinar composta por oito profissionais de saúde, o tratamento com a aplicação da toxina botulínica parou de fazer efeito. Otimista, feliz e sentindo diferenças positivas desde que saiu da operação, Nilde já faz planos para a nova vida depois do implante.
“Preciso estar bem e com mais autonomia para completar minha missão, que é viajar por esse mundo e levar informação com base em pesquisa. Eu já faço isso mesmo convivendo com os sintomas da distonia, mas daqui para frente isso vai ser ainda melhor”, conclui.