Por Dr. Vítor Ottoboni Brunaldi
O número de pessoas adentrando nas faixas de peso que configuram obesidade (índice de massa corpórea – ou IMC, maior que 30) cresce ano após ano. Já sabemos, há bastante tempo, que esta doença crônica (ou seja, que não tem cura – apenas controle) está muito relacionada com diversas outras doenças potencialmente graves como pressão alta, diabetes, colesterol alto (dislipidemia), infartos, derrames (acidentes vasculares cerebrais - AVC), e vários tipos de câncer. Por este motivo, requer atenção e cuidado1.
Existem, nos dias de hoje, diversos tratamentos para a obesidade que variam muito em eficácia, custos, riscos e se são ou não invasivos. Inicialmente, a terapia indicada é dieta com restrição de calorias e mudanças no estilo de vida, buscando hábitos mais saudáveis e idealmente acompanhados por especialistas da área (nutricionistas, educadores físicos, psicólogos). Este é um tratamento não-invasivo, de baixo custo e com virtualmente nenhum risco associado. Entretanto, estudos mostram que menos de 1 a cada 20 pacientes com obesidade (IMC maior que 30) consegue perder grande quantidade de peso e manter este peso perdido ao longo dos anos desta forma 2.
Tratamentos cirúrgicos
No extremo oposto, um tratamento invasivo, mas muito eficaz, é a cirurgia bariátrica, dentre as quais as mais comuns são a Gastrectomia Vertical (ou Sleeve) e o Bypass Gástrico (ou cirurgia de Capella). Atualmente, a cirurgia bariátrica é indicada para pacientes que tenham obesidade moderada ou grave (IMC acima de 35) e que tenham tentado, sem sucesso, perder peso com dieta e mudanças de estilo de vida. Para esses pacientes, os benefícios da cirurgia são inquestionáveis. A perda de peso após a cirurgia varia de 20 a 40% do peso total (por exemplo, de 20 a 40kg para um paciente de 100kg) e também melhora diversas doenças associadas, como pressão alta, diabetes, colesterol e apneia do sono. Entretanto, existem riscos de complicações da cirurgia e, dependendo do tipo de procedimento realizado, é preciso que o paciente tome suplementos para a vida toda. Por isso, uma parcela significativa de pacientes com indicação de cirurgia recusa o tratamento [2,3].
Apesar do número de cirurgias bariátricas crescer ano a ano, o ritmo de crescimento da obesidade é maior do que o ritmo de crescimento da cirurgia. Por isso, uma parcela importante de pacientes com indicação de cirurgia e que aceitariam o procedimento não são operados por falta de oportunidade, fila de espera, desconhecimento, entre outros. Estima-se que menos de 1 a cada 50 pacientes com indicação de cirurgia é operado anualmente [1,2], resultando em um número enorme de pacientes carentes de tratamento.
Tratamentos menos invasivos
Para esse grupo de indivíduos que ou não tem indicação de cirurgia bariátrica (IMC entre 30 e 35), ou que tem, mas recusam ou não tem acesso à cirurgia, existem alternativas com eficácia um pouco menor, mas menos invasivas e com menor riscos de complicações. Dentre esses, podemos destacar os tratamentos endoscópicos e o uso de medicações (ou farmacoterapia) 2.
Dentre as técnicas para perda de peso por endoscopia, a Gastroplastia Endoscópica (ou ESG, sigla em inglês para Endoscopic Sleeve Gastroplasty) tem ganhado bastante visibilidade no Brasil e em todo o mundo.
A ESG consiste na realização de pontos no estômago por meio de um sistema por endoscopia chamado Apollo Overstitch ®, que faz com que o órgão fique com um formato tubular e com espaço reduzido. Assim, o paciente tem mais saciedade com uma quantidade menor de comida e fica saciado por mais tempo. Não há cortes na pele nem retirada de partes do estômago ou intestino, o que mantém a capacidade de o organismo absorver nutrientes e vitaminas. O procedimento leve em torno de duas horas e é realizado via ambulatorial, ou seja, sem necessidade de internação hospitalar. O paciente já pode ingerir líquidos poucas horas após a gastroplastia. As complicações graves são raras, ocorrendo em torno de 1 cada 100 procedimentos realizados [3-6].
A gastroplastia endoscópica é menos invasiva, porém, a perda de peso também é menor do que na cirurgia bariátrica. Estudos mostram que a perda média está em torno de 15 a 20% em dois anos após o procedimento (por exemplo, de 15kg a 20kg para um paciente como peso inicial de 100kg). Além disso, existem estudos mostrando que a ESG melhora também as doenças associadas à obesidade, como pressão alta, colesterol e diabetes 6-10.
Tratamento medicamentoso
Já a utilização de medicamentos para perda de peso, também chamada de farmacoterapia, é outra alternativa importante à cirurgia bariátrica. Medicações lançadas nos últimos anos aumentaram muito a eficácia da farmacoterapia na perda de peso. Dentre as medicações mais faladas e utilizadas atualmente, estão os chamados agonistas do receptor de GLP-1. Inicialmente utilizados para tratamento do diabetes, esses remédios foram rapidamente convertidos para tratamento da obesidade, pois se mostraram capazes de levar à grande perda de peso. Os mais conhecidos são a Liraglutida e a Semaglutida 11.
Além de atuarem na secreção de hormônios relacionado ao balanço energético, esses medicamentos também modulam a ingestão de calorias, a saciedade e o apetite. A Semaglutida tem ação prolongada, sendo aplicada com uma fina agulha, uma vez por semana. Existem muitos estudos comprovando sua eficácia na perda de peso. Um artigo recente mostrou uma perda de peso total de 16% no grupo Semaglutida contra 5% no grupo controle (que não recebeu a medicação). Há também evidências de que o medicamento melhora outras doenças associadas, incluindo a esteatohepatite não-alcoólica (ou gordura no fígado). Medicações ainda em fase de estudos têm apresentado resultados ainda mais surpreendentes, com perdas de peso que superam a marca dos 20% 12-15.
Tratamentos combinados
É interessante pensar que a farmacoterapia e as técnicas endoscópicas – a gastroplastia em especial, não se excluem, podendo ser associadas com o objetivo de melhorar ainda mais os resultados que cada uma dessas técnicas apresenta sozinha. Pequenos estudos com essa associação já demonstram resultados impressionantes, com perdas de peso passando de 25%. Esse valor é semelhante ao que certas técnicas de cirurgia bariátrica promovem, porém com um risco menor de complicações graves e sem efeitos colaterais permanentes 16.
A possibilidade de combinar medicações com a gastroplastia endoscópica deve ser discutida caso a caso com o médico especialista, pois o ajuste da dose deve ser personalizado. Além disso, como tanto a gastroplastia endoscópica quanto as medicações reduzem a velocidade com que o estômago esvazia a comida, é comum pacientes apresentarem náuseas e empachamento, que podem ser intensos quando as técnicas são associadas 4,11.
Outra questão que deve ser discutida com o médico especialista é o momento de introduzir a medicação. Existem duas formas básicas de associarmos medicação e a gastroplastia: a primeira é chamada pró-ativa e a segunda, reativa (ou resgate). A abordagem pró-ativa envolve prescrever a medicação para paciente que já estejam apresentando uma boa perda de peso com a gastroplastia e tem o objetivo de melhorar ainda mais os resultados. Dados mostram que essa abordagem pode ser capaz de aumentar a perda de peso além dos níveis de 25% discutidos anteriormente. Já a abordagem reativa, ou de resgate, envolve prescrever medicações apenas para pacientes que não estejam apresentando a perda de peso esperada após o procedimento. Estudos mostram que a abordagem de resgate permite fazer com o que paciente que inicialmente esteja com resultados ruins chegue à perda de peso média para o procedimento, que está em torno de 18% 16,17.
Independentemente da abordagem escolhida, a associação de farmacoterapia com a gastroplastia endoscópica tem um potencial enorme na promoção da saúde. Com o desenvolvimento de medicações ainda mais eficazes e o refinamento das técnicas endoscópicas, não seria ousado dizer que, em um futuro breve, essa associação poderia ocasionar perdas de peso superiores à 30%, o que se aproximaria muito da cirurgia bariátrica como conhecemos hoje.
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ENDO - 1982806 – AA – Saber da Saúde